Desde pequena aprendi a conviver com o luto. Afinal, perder o pai ainda na infãncia te faz de certa forma criar uma capa de proteção contra esse estado avassalador.

Não que eu saiba como lidar com isso, mas sinto que aprendi a carregar comigo uma sensação de que aquele buraco vai ficar pra sempre apesar de seguirmos em frente.

Ser uma criança sonhadora e que romantizava tudo, me tornou uma adulta diferente da maioria. Costumo dizer que a terapia me fez aprender a me proteger, mas não tirou a essência daquela menina. Agora eu lido com o mundo de uma forma mais direta, mas ainda me sinto intensa! Intensa demais pra isso tudo aqui.

Dizem que o que nos faz diferentes jamais deve ser um defeito. Sigo aprendendo a lidar com essa imensidão de sentimentos e pensamentos cada vez mais incompreendidos.

Todos os dias eu tento lidar com o fato do Edson não estar mais aqui. Ele não era só meu marido. Era amigo, maior incentivador e posso dizer sem medo a pessoa que mais impactou a minha jornada até aqui. Lidar com esse luto é por vezes cansativo, desesperador, solitário e sombrio. Ao mesmo tempo que me impulsiona, me trava. Ao mesmo tempo que sinto que preciso seguir, sou sugada com a falta de energia que me consome a cada nova situação ruim que preciso passar.

Mas essa mesma intensidade que me deixa exausta, me faz levantar e seguir todos os dias. Vou viver sem esse enorme pedaço que falta, mas certa de que só é possível continuar respeitando cada fase dessa dor.

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