A música dos Beatles pede “Don’t let me down”. O grito silencioso de todo coração entregue às fraquezas da paixão. Não me desaponte, por favor, não me decepcione. Visceral, urgente, intenso, o pedido, no entanto, é em vão. Quem pode prometer amor eterno?

No filme 500 Dias Com Ela, depois de uma briga, Tom diz a Summer “Não precisamos de um rótulo. Mas preciso de algo que me dê a segurança de que você não vai acordar amanhã e perceber que sente outra coisa”. E ela responde “Não posso prometer isso. Ninguém pode”.

Nem você, que, entregue à paixão, tem a certeza de que seu sentimento jamais irá mudar. Sentimentos mudam. Pessoas mudam. Objetivos e sonhos mudam.

A decepção, portanto, vem de dentro de nós mesmos, enraizada na ilusão de um sonho que criamos e acreditamos, e não do outro. Ela é a consequência de uma expectativa não correspondida, o que, não necessariamente, é responsabilidade alheia. Uma vez, um amigo me disse “Não podemos esperar das pessoas, nem exigir delas, mais do que elas podem dar”.

Sim, eu sei, é difícil não criar expectativas. Nem é crime cria-las, na verdade. Só perigoso. O que se deve compreender, no entanto, é que quando elas não se realizam, nem sempre existe um culpado.

Decepções existem, sim. Amigos, familiares, qualquer pessoa pode decepcionar outra. Não acho que devemos subestimar a decepção. Nenhum sentimento deve ser subestimado. Mas podemos – e devemos – aprender com elas. Inclusive, a sermos justos conosco e com o outro.

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ju.jpgJuliana Borel é aspirante a escritora e poeta. Pra ganhar dinheiro e pagar as contas é jornalista a maior parte da semana. Pra se inspirar gosta de ouvir Guns, trilhas sonoras e esbarrar por aí em pessoas interessantes. Seu blog procurasepoesia.blogspot.com.br é praticamente seu DNA.

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