“Respeito muito minhas lágrimas, mas ainda mais minha risada”, já dizia, sabiamente, Gal Costa.

O conto de hoje é sobre o amor mais importante que podemos ter.

Desculpa se eu não lutei por você

Pra ler ouvindo: Baddest Blues | Beth Hart

Desculpa se eu não lutei por você. Provavelmente, você deve achar que sou covarde ou algo assim. Talvez ache que eu não te amava o bastante; que encontrei distrações melhores desde a última vez em que estivemos juntos.

Desculpa se não retornei aquela ligação ou se neguei seu último convite pra sair. Você deve ter achado que não me importava com seus sentimentos ou que eu já tivesse algum encontro naquela noite.

Sinto muito se não pareci entusiasmada quando me ligou para dizer que estava com saudades ou quando mandou aquela mensagem inbox dizendo que adorava as nossas conversas.

Se não disputei a sua atenção com as outras garotas – ou com aquela garota em especial-, peço desculpas também. Você deve pensar que todo o amor que declarei não era suficiente para correr atrás do seu ou que, simplesmente, achei que iria perder a disputa.

Desculpa se pareci displicente em algum momento, se não valorizei seu esforço.

Não foi nada disso, preciso dizer.

Não retornei a sua ligação e neguei seu convite pra sair porque cansei de reagir às suas atitudes impulsivas na hora da carência e receber indiferença quando a vaga na sua alma – e na sua cama – já estava preenchida.

Não pareci entusiasmada com a sua confissão de saudades porque cansei das suas declarações superficiais, querendo afagar meu coração temporariamente para que eu aquecesse seu travesseiro – e seu ego – por meia noite. Se eu não disse “eu também” quando escreveu que adorava nossas conversas inbox foi porque cansei de ser sincera às suas mentiras.

Demorei, eu sei, mas cansei do seu talento pra me levar às nuvens com palavras bonitas e me derrubar delas, no mesmo minuto, com a mensagem visualizada e não respondida.

Quando não disputei a sua atenção com as outras garotas – ou com aquela garota em especial -, pode acreditar, não foi por falta de amor nem por medo de perder a disputa. Foi pelo simples fato de ter entendido que, se eu precisava disputar o seu amor com alguém, é porque ele já não era meu.

Se eu não lutei por você, meu amor, foi porque passei a lutar por mim, finalmente.

Se eu não valorizei seu esforço, ou o que você chama de esforço, saiba que não foi fácil. Nem displicência.

Foi amor-próprio.

sozinha coluna 12 agosto

 

ju1.jpgJuliana Borel é aspirante a escritora e poeta. Pra ganhar dinheiro e pagar as contas é jornalista a maior parte da semana. Pra se inspirar gosta de ouvir Guns, trilhas sonoras e esbarrar por aí em pessoas interessantes. Seu blog procurasepoesia.blogspot.com.br é praticamente seu DNA.

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