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Não teve grito.

Não teve briga.

Teve tristeza sim. Muita.

Não importa o motivo pelo qual aconteceu, o que importa é que aconteceu.

A conversa foi amigável e civilizada, chegamos em um consenso. Sabíamos que não éramos mais as mesmas pessoas de dez anos atrás. Não tínhamos mais os mesmos sonhos, as mesmas ambições que aqueles dois jovens em 2006. Aqueles dois eram apenas lembranças do que parecia ser uma outra vida.

E a certeza era que precisávamos de espaço para descobrir quem eram essas novas pessoas, que apenas agora reconhecíamos que existiam.

Houve muito tempo de negação.

Não queríamos admitir que estávamos tão diferentes, tão mudados.

Não dizem que as pessoas não mudam nunca? Que grande mentira essa que nos contam! Mudamos por vontade própria e mesmo sem querer. A vida transforma a gente, isso é uma verdade!

Tiveram tentativas de recomeço fracassadas.

Tiveram buscas de novos objetivos também fracassadas.

Fizemos tudo que estava ao nosso alcance, mas estávamos infelizes juntos.

Depois da decisão tomada, confesso que o ar ficou mais leve em volta de mim. Era como se eu pudesse respirar de novo. Provavelmente não porque eu estava me separando, mas porque eu estava de algum modo agindo, tomando uma decisão. Para mim, viver em indefinição é angustiante por si só.

E ele também sentiu o mesmo. Tivemos risos de volta em casa, bebemos vinho, sentamos no chão da sala e conversamos horas até nem percebermos que a madrugada tinha chegado. Como nos velhos tempos…

Aí chegou o meu primeiro desafio. Falar em voz alta que eu seria SEPARADA. Nossa, como isso soou mal aos meus ouvidos. Eu seria uma mulher separada, em breve divorciada.

Só de pensar nisso lágrimas jorraram em cachoeiras.

Eu poderia ter imaginado muitas coisas para o meu futuro, mas separada não era uma delas. Claro que a gente pensa, mas acho que eu nunca visualizei como uma possibilidade e o choque da realidade nos alcançando tem outro impacto.

Sofri um preconceito que veio de mim mesma. Eu lutava contra isso porque era absolutamente antiquado e machista eu me sentir daquele jeito. Como se o meu estado civil fosse definidor de mim como pessoa.

Eu tentava justificar dizendo que eu trabalho com casamentos, como posso ser separada?

Ahhh, que besteira!

Então quem nunca casou não pode ser bom profissional da área de casamentos? Ou quem nunca teve uma festa de casamento não pode organizar festas alheias? Eu repetia que eram sofismos e eu precisava sair deles.

E depois de muito me maltratar com isso, decidi abraçar a condição. Eu não poderia ficar casada só para dizer que era casada. Precisava andar pra frente e tentar ser feliz. Repeti isso como mantra por meses.

Então o separada em pouco tempo virou divorciada e eu simplesmente acostumei a marcar o X nos formulários de cadastro em outro lugar.

O casamento faz parte de mim, da minha história, assim como a minha separação estava se tornando.

Este é o primeiro texto da série sobre divórcio. Para ler o segundo, clique aqui.

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Instagram: @lanna_schmitz

E-mail: lanna.ldn@gmail.com

 

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