Eu acredito no amor. Nessa força sublime e magnífica que faz as pessoas cederem quando não se imaginavam abrindo mão. Eu acredito na coragem travestida de paixão e na entrega que só o amor é capaz de proporcionar. No brilho etéreo nos olhos de quem ama, nos sorrisos bobos de quem está encantado e nas frases clichês de quem quer dizer que tem vontade de abraçar o mundo depois que descobriu o amor.

Ainda que exista, o tempo todo, gente querendo provar o contrário, eu acredito no amor. Mesmo quando leio que três casais devolveram um menino de 5 anos ao orfanato só porque ele era negro, mesmo assim, eu acredito no amor. Nem as notícias de guerra, de abuso, de violência, de descaso, nem elas me fazer perder a esperança de que o amor pode salvar o planeta. Por mais que o mundo se esforce – e ele se esforça – pra permanecer esse lugar hostil em que vivemos, ainda vejo a flor no asfalto. E ela continua sendo maior do que o resto.

Eu vejo o casal que adotou o menino porque mais importante do que a cor da pele é o amor que se quer dar. Eu vejo as pessoas que lutam pelo fim da guerra e do descaso porque somos todos iguais. Eu vejo a foto de um pica-pau com um esquilo nas asas e lembro como o mundo é bonito. Como é bonito esse mundo.

Eu acredito no amor mesmo quando minhas amigas choram porque mais uma vez partiram seu coração. Mesmo quando, cansada e calejada, escuto, de novo, “não quero me envolver”. Porque o amor está aí por todo lado, doido pra achar um lugar pra morar, doido pra alguém de olhos atentos percebê-lo escondido no café da manhã servido no trabalho, no bom dia de um desconhecido, na conversa inesperada com a senhorinha que sentou ao seu lado no ônibus.

Eu acredito no amor porque ele existe. Mesmo que esquecido, fora de moda ou fora de forma. Uma flor na rua, como diria Drummond:

Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
É feia. Mas é flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

picapau

ju.jpgJuliana Borel é aspirante a escritora e poeta. Pra ganhar dinheiro e pagar as contas é jornalista a maior parte da semana. Pra se inspirar gosta de ouvir Guns, trilhas sonoras e esbarrar por aí em pessoas interessantes. Seu blog procurasepoesia.blogspot.com.br é praticamente seu DNA.

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