Eu estava sentada à mesa. À minha volta minha sogra, cunhada, cunhado, duas sobrinhas, ele, uma garrafa de vinho, histórias de viagens e sorrisos.
Algo errado nessa composição, não?
Sim, eu.
Aquela família ali não é mais a minha.
Claro que eu sinto como se fosse, meu coração continua os amando. Mas essas cenas são e serão cada dia mais raras.
O café da manhã de domingo com altas discussões políticas regadas de pretinho quente, pãozinho e queijo minas já são totalmente parte do passado.
Os almoços de páscoa e noites de natal também estão só na lembrança.
Quando naquele dia, um ano e meio após a minha separação, eu me vi sentada àquela mesa, de uma casa que não era a minha, mas cujos móveis contavam a história da minha vida, eu percebi que aquela família não fazia mais parte do meu dia-a-dia, eu simplesmente chorei.
Perceber do que se abre mão quando se toma a decisão de separar duas vidas, um dia no passado unidas diante daqueles que amamos, é muito doloroso.
Como lidar com essa perda que vai além da perda do seu companheiro de vida?
A sensação é de que roubaram a minha família. Por mais que eu ainda mantenha contato, que esteja presente o quanto eu posso, que eu seja a dinda das sobrinhas lindas… ainda assim, é tudo diferente.
Quantas vezes a gente pensa em separação, mas esquece que no relacionamento envolvemos mais que duas pessoas. Acreditamos que iremos manter os contatos e nada vai mudar com relação aos demais. Quanta inocência!
Precisei de quase dois anos e uma visita ao ex (que estava doente) para conseguir realmente internalizar essa sensação, mas a dor é inevitável.
E lá estou eu voltando novamente para minha casa sozinha, dando tchau com a mão pela janela do taxi.
Instagram: @lanna_schmitz
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E-mail: lanna.ldn@gmail.com
Este é o quarto texto da série sobre divórcio.
Para ler o primeiro, clique aqui. (a palavra que dói)
Para ler o segundo, clique aqui. (os desafios: o lar)
Para ler o terceiro, clique aqui (separação e a vida real)
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