Sabe aquela garota que você está de olho? Aquela que usa saia, all star e escuta Pearl Jam no último volume? Qualquer dia desses, ela vai mudar de cidade e você nunca vai saber qual é sua música preferida porque achou que ela não aceitaria seu convite pra sair.

E o garoto que você vê todo dia no metrô? O que está sempre de fone no ouvido, balançando o pé no ritmo da música e na última semana estava lendo o livro que você ama? Um dia desses, ele muda de caminho e você nunca vai saber o que ele achou da história porque achou que seria estranho sentar ao seu lado e puxar assunto.

“Às vezes, tudo de que precisamos são 20 segundos de uma coragem insana”. Ouvi isso, outro dia, em um filme estilo sessão da tarde. Mas como não concordar?

Quando eu tinha 12 anos, fiquei caidinha pelo menino mais legal da turma. Ele tinha o cabelo espetado, um sorriso incrível e sardas no rosto. Claro, como todo pré-adolescente, ele só tinha olhos para as meninas, digamos, mais desenvolvidas.

Eu era uma criança. Vivia com a cara enfiada em algum livro e ainda brincava de roda com as minhas amigas. Mas, como toda menina daquela idade, eu também era uma verdadeira sonhadora. E tudo o que queria era dar meu primeiro beijo.

Aos 12 anos, então, escrevi minha primeira carta de amor. Eu não me lembro de tudo o que ela dizia. Tampouco do que me fez tomar coragem para entregá-la. Mas entreguei.

20 segundos. Apenas 20 segundos.

Na hora do recreio, com o coração numa mão e a carta na outra, entreguei o papel cuidadosamente dobrado para o menino mais legal da turma. A sensação de estar diante do maior desafio da minha vida foi um dos sentimentos mais assustadores e sublimes que já tive.

É uma pena como a gente pode perder, ao logo do caminho, as qualidades incríveis que se tem quando criança. Essa habilidade de se doar por completo e arriscar sem temer o que pode vir.

Então, não deixe isso acontecer. Não espere o momento certo: ele é sempre agora.

Convide a garota pra ir ao cinema, pergunte ao garoto se ele lamentou a morte do personagem principal. Quem sabe o que pode acontecer?

Você só precisa de 20 segundos.

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ju.jpgJuliana Borel é aspirante a escritora e poeta. Pra ganhar dinheiro e pagar as contas é jornalista a maior parte da semana. Pra se inspirar gosta de ouvir Guns, trilhas sonoras e esbarrar por aí em pessoas interessantes. Seu blog procurasepoesia.blogspot.com.br é praticamente seu DNA.

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